Nota do Autor
Esta é uma obra de ficção, baseada em fatos reais. Esta obra representa a minha opinião pessoal e não a de qualquer instiuição a que eu esteja associado. Algumas semelhanças com pessoas e fatos reais não são meras coincidências.
Em breve, um criminoso!
Em breve, Judas será um criminoso! No dia 13 de Junho de 2014, Judas será contratado para investigar a segurança de uma das arenas de uma competição internacional, cujo nome está proibido de mencionar. Daí, uma série de eventos se desencadeará, que culminará em sua prisão.
O trabalho de Judas envolve verificar se a arena é segura para a população, ou se representa sérios riscos às vidas das pessoas que estarão nas arenas durante os jogos. Mas Judas também é capaz de corrigir vários dos problemas encontrados, principalmente, quando tem os projetos das arenas em mãos.
Na área de especialização em que Judas trabalha, há duas principais correntes filosóficas a respeito das falhas de segurança encontradas na arena. Uma das correntes acredita que as falhas devem ser mantidas em sigilo, mesmo após as correções, evitando que pessoas mal-intencionadas provoquem tais falhas e causem sérios danos. A outra corrente acredita que as falhas devem ir a público, permitindo que as pessoas possam evitar ir às arenas até que as falhas sejam corrigidas e as correções anunciadas publicamente.
Judas pertence à segunda corrente. Para Judas, trata-se de uma questão ética e de livre acesso à informação. No entanto, Judas reconhece os riscos de que a exposição das falhas possa levar à sua exploração. Como compromisso, ele tenta corrigir as falhas que encontra antes de publicá-las. Se não é bem sucedido, procura ajuda de outros, muitas vezes, aqueles que fizeram o projeto original. Dado um prazo de resposta, ele vai a público, para evitar que a população ponha em risco suas vidas.
No dia 20 de Junho de 2014, Judas encontrará uma falha em uma arena projetada para trinta mil pessoas. Infelizmente, ele descobrirá que não tem acesso aos projetos originais e não pode sugerir alterações às obras sem acesso a tais projetos. Ele enviará um comunicado à empresa de engenharia responsável, com detalhes sobre a falha encontrada e como uma pequena série de eventos poderia levar à morte de centenas de pessoas.
No dia 25 de Junho de 2014, a empresa responsável responderá ao comunicado de Judas, lhe dizendo que as correções serão realizadas no prazo de 30 dias. Durante os próximos 60 dias, dois jogos estão agendados para acontecerem na arena. Judas aguarda as correções da empresa de engenharia e lhe envia três lembretes durante o período. Aparentemente, as correções não são prioridade.
Com mais cinco jogos agendados, Judas decide publicar as falhas que encontrou, e, para prevenir maiores danos, comunica à administração da arena que fará tal publicação. Antes que possa ir a público, Judas se encontra em uma péssima posição. A administração da arena o denuncia à Polícia Civil.
Infelizmente para Judas e para os milhares de cidadãos que compraram ingressos para os jogos, poucos meses antes, uma Lei entrou em vigor. Tal Lei, no intuito de proteger os cidadãos daqueles que exploram tais falhas de segurança, inclui um artigo que criminaliza aquelas pessoas que documentam as possíveis explorações de forma suficiente a permitir que alguém mais as explore. Apesar da redação do artigo mencionar comercialização e intuito, Judas não terá tanta sorte. Afinal de contas, a documentação é fruto de seu trabalho comercial, e a publicação que faria será utilizada para demonstrar o intuito de causar danos. Resta em sua defesa os testemunhos de amigos que dirão que tudo que Judas queria fazer era evitar danos ao público.
Três meses depois das notícias da acusação de Judas, Matheus descobre um problema no sistema de freios de uma marca popular de veículos de passeio. Com medo de ser enquadrado na mesma Lei, Matheus prefere ignorar tal conhecimento e não comunica ninguém do problema encontrado. Dois meses depois, lê em um noticiário na Internet que um casal e uma criança morreram na estrada e que a perícia suspeitava de problemas nos freios. O veículo identificado é da mesma série que Matheus investigou meses antes. Durante as próximas noites, Matheus não consegue dormir bem. Sua mulher o encontra morto em casa com um bilhete na mão, que diz: "Eu devia ter seguido Judas!".
Nota do Autor
Peço perdão a todos por não ter me manifestado antes a respeito do parágrafo 1o. do artigo 154-A do projeto de lei que foi aprovado como Lei 12.737/12. Agora, não só corremos risco de sermos Judas ou Matheus, como também se comprar ingressos para aquela arena, ou sermos aquele casal que tinha tantos sonhos para a sua criança.
Perdão! Thadeu Cascardo.